quarta-feira, 17 de junho de 2009
Acerca de Barcelona
Saiu no Blog do Noblat, dia 26 de maio, uma resenha da nossa querida Revista Barcelona:
Revista Barcelona: política, engraçada e incorreta
O humor político feito pela televisão argentina é brincadeira de criança se comparado com a acidez da Revista Barcelona, o veículo mais politicamente incorreto que já vi. Cada capa provoca uma gargalhada, ou forte indignação, mas nunca indiferença. Muito além de uma revista divertida, é uma publicação política, de humor radical. Suas 161 edições são produto direto da crise argentina de 2001 e da evolução de um país que deixou de crer em quase tudo.
O segredo? Não poupar ninguém - políticos argentinos, conflitos internacionais, desgraças, religião, leis polêmicas e até o passado ditatorial e a situação dos repressores militares. E, muito especialmente, os veículos de comunicação tradicionais. “Barcelona é a paródia de um jornal. Há amigos que se juntam para ver vídeos, para jogar Playstation, nós nos juntamos para ler Clarín e nos cagamos de rir”, disse em entrevista Ingrid Beck, uma das diretoras.
Para se ter uma idéia do tipo de humor da Barcelona, apelo a uma de suas capas mais famosas – a que anunciava o romance do ano entre o Papa e Terri Schiavo (a mulher em estado vegetativo, cujos familiares pediam autorização para desconectá-la das máquinas que a mantinham viva). Foi uma gritaria. Outra polêmica ocorreu quando os editores colocaram uma foto de Condoleeza Rice, junto com o primeiro-ministro israelense Ehud Ólmert, e letras em tamanho catástrofe: "TOLERANCIA: Uma negra e um judeu decidem o destino da humanidade".
Há mais títulos engraçados. “Evo Morales não come e só consome coca: greve de fome ou vida de estrela de rock?”, "Confirmam que a solução para limpar a polícia de Buenos Aires é enviar todo o efetivo ao Iraque”, "Exclusivo: já estaria pronta a máquina que poderia ressuscitar Perón". Outra ótima: na semana do escândalo do presidente do Paraguay, Fernando Lugo, a revista anunciava uma entrevista exclusiva “com a única mulher que não tinha dormido com ele”. “É feia, gorda e velha. E diz que a discriminam”.
Barcelona sai a cada 15 dias, quase não tem anúncios e sobrevive da venda em banca – o exemplar custa 5 pesos (cerca de R$ 3). Geralmente se estrutura como se fosse um jornal, com sessões dedicadas a País, Mundo, Sociedade, além de cartas de leitores e quadrinhos. Tem também anúncios fictícios, como o da Bolchetur Viagens, que divulga seus pacotes para Cuba: Visite o Comunismo! Últimos dias! Conheça a ilha antes que regressem Glória Estefan, os turistas norte-americanos e o analfabetismo!
O número mais recente tem como tema central, é claro, as eleições legislativas de 28 de junho. Segundo a Barcelona, os argentinos estão polarizados e devem escolher entre dois modelos de país: Haiti ou Caimán; recessão ou hiperinflação; dengue ou gripe Porcina; emos ou floggers; grupo Telefônica ou grupo Clarín, oligarcas ou boludos!!!
Para rir mais é só acessar: www.revistabarcelona.com.ar
Gisele Teixeira é jornalista. Trabalhou em Porto Alegre, Recife e Brasília. Recentemente, mudou-se de mala, cuia e coração para Buenos Aires, de onde mantém o blog Aquí me quedo (giseleteixeira.wordpress.com), com impressões e descobrimentos sobre a capital portenha.
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