sábado, 11 de julho de 2009

O SENHOR ME DESCULPE

O senhor me desculpe
se o interromper, mas na recepção
Há um par de pobres que
Perguntam com insistência pelo senhor
Não pedem esmolas, não
Não vendem tapetes de lã
Nem elefantes de ébano
São pobres que não tem nada
Não entendi muito bem
Se não tem nada a vender ou a perder
Mas pelo que parece
O senhor tem alguma coisa que lhes pertence
O senhor quer que lhes diga que saiu?
Que é pra voltar amanhã, em horário de visita?
Ou melhor falo como o senhor disse:
“Santa Rita, Rita, Rita
O que se dá não se tira.”

O senhor me desculpe
A recepção ficou cheia de pobres
E não param de chegar
Da retaguarda, por terra e por mar
E como o senhor disse que saiu
E tratando-se de uma urgência
Me pediram que lhes indicasse
Onde fica a despensa
E que Deus vai lhe pagar
Me da as chaves ou os boto fora, decida logo,
Que enquanto estamos falando
Chegam mais e mais pobres e continuam chegando
O senhor quer que chame a um guarda pra revistar
Se eles tem em dia os seus papeis de pobres?
Ou melhor falo como o senhor disse:
“Bem me queres, bem te quero
Mas não toques meu dinheiro? ”

O senhor me desculpe
Mas o assunto ficou bem pior.
Chegam aos milhões e
Curiosamente, vem todos até aqui
Tentei segurá-los, mas pode ver
Deram com o senhor
Esses são os pobres que lhe falei
O deixo com os cavalheiros
O senhor se entenda com eles
Se não mandar outra coisa, vou me retirar
Se precisar de mim, é so chamar
Que Deus o inspire ou que Deus o ampare
Que a esses não lhes foi informado
Que Carlos Marx está morto e enterrado.


Um comentário:

Anônimo disse...

Oi
Gostaria de pedir a divulgação do meu blog: camadegatogoytaca.blogspot.com no seu espaço.
Conto com sua participação!
Um abraço