Se Nova Iorque é a capital dos sonhos, Rio de Janeiro é a do desejo: esta cidade está cheia de frutas, e de camisas abertas, e os cariocas correm contra o tempo a partir das seis horas da manhã na Avenida Atlântica e caem mortos de um paro cardiorrespiratório, em boa forma e com um sorriso.
[...] Homens de idade avançada com garotas de pernas compridas no Copacabana Palace, lanchonetes vazios onde se ouvem canções tristes (alguém escutou alguma vez a letra de um samba?), o sol, que queima como uma vingança, a água de coco, a polícia que boceja ou mata pelas costas, a Unidade de Policia Pacificadora (UPP) se transformando numa piada ruim, o aroma nauseante mas encantador da cachaça, e acima de tudo, o mar. Tudo, ao meu redor, deseja.
[...] Na Rocinha, os disparos tiram o sono. São disparos dos ‘pacificadores’. Em Capão Redondo não há disparos. Por enquanto. Até que o acordo deixe de ser negocio para alguma das partes, e a morte retornar. Os narcos vendem em paz e o estado cobra os impostos regularmente. O que se chama “civilização”. Todos dormem e sonham com a Copa e as Olimpíadas: as putas e os milionários, os ‘dealers’ e os políticos, os vendedores de água de coco e os construtores de condomínios. Desejam a chegada do futuro. Essa é a sua força.
Um comentário:
A inveja é uma mierda!
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