sábado, 11 de setembro de 2010

Gabeira "vê" o que os progressistas de Campos não querem enxergar.

Gabeira pode perder a eleição a governador, mas não por isso deixará de ser uma figura política completamente diferente do resto. Pensando bem, talvez é por isso que perderá a eleição.

Gabeira fala o que pensa, e o que pensa não passa pelo filtro do “politicamente-conveniente-em-tempos-de-campanha”. Gabeira adianta 20 anos.

Gabeira vem pra Campos e disse: —“ Não se pode dizer que Campos seja beneficiário do petróleo. Campos hoje é vítima. O município teve sete prefeitos em seis anos. Será que não houvesse esse volume de royalties a situação seria essa?”

Nenhum político local se atreveu a dizer nunca uma frase parecida. Nenhum “progressista” ou “terceira via’ se permite questionar os royalties como o grande corruptor de Campos. Eles, diante da sua potencial candidatura à prefeito, preferem acreditar que, nas suas mãos, esse volume de dinheiro vai ser corretamente utilizado. Insistem em enganar a população com a idéia do “homem íntegro” que algum dia chegará ao poder para mudar tudo isso, e que será capaz de resistir a tentação de surrupiar um dinheiro cujo controle fica, na pratica, à discrição apenas do prefeito e seus 17 comparsas.

Na verdade, eles já se corromperam antes de ser eleitos a nada. Até que alguém não proponha limitar o poder do executivo na administração dos recursos, ou ampliar o número de atores sociais que devem decidir como gastá-los, o que continuaremos a ver serão pessoas ávidas de chegar ao poder, dizendo apenas que eles são “melhores” apenas porque nunca antes governaram. Se auto-proclamar “progressista” não é garantia de que sejam melhores dos que estão agora na prefeitura, se esse título não vem acompanhado de idéias que o sustentem.

Ser progressista é dizer, como Gabeira, coisas que as vezes as pessoas não gostam de ouvir. É não subestimar a inteligência do eleitor, e especialmente, não trair a si mesmo.

Um comentário:

Uenfezado disse...

Mas a culpa é dos royalties ou a culpa é nossa (do povo)?
É do dinheiro ou da nossa índole?