segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Frente Fria

19 de janeiro
“Terminou agora há pouco a reunião ordinária da Frente Democrática de Oposição. Por votação unânime ficou deliberado que os vereadores dos Partidos Políticos que compõem a Frente farão uma visita de inspeção ao canteiro de obras da Beira Valão, na próxima sexta, às 10h, acompanhados dos respectivos dirigentes partidários.”


22 de janeiro
“Os dirigentes partidários que integram a Frente Democrática de Oposição, acompanhados da vereadora Odisséia Carvalho, do PT, estiveram na manhã de hoje, no canteiro de obras da Beira Valão, onde a Prefeitura realiza, através da IMBEG, uma intervenção urbanística discutível, ao preço de 18 milhões de reais, sem contar os termos aditivos e sem qualquer ação reparadora no leito do canal, que ao longo do tempo tem servido, inclusive, de vazadouro de esgoto in natura.”

23 de janeiro
“O mais curioso não é a atitude do governo municipal em realizar uma obra dessa. [...] O que inquieta é a passividade da sociedade e seus aparatos de controle que assistem silentes essa farsa burlesca.”


Posts do blog de Fernando Leite, integrante da Frente Democrática.



É difícil acreditar numa frente democrática que nem pode cumprir um compromisso assumido dois dias antes: o que era para ser uma visita de todos os vereadores da oposição acabou com a presença de uma única legisladora, Odisséia Carvalho.

A idéia de inspecionar a obra é uma iniciativa mais do que necessária para poder trazer um pouco de transparência à obscuríssima gestão da prefeita Rosinha. Ponto para Odisséia. Mas não deixa de ser curioso que o que deveria ser a tarefa principal dos vereadores, isto é, a fiscalização da gestão pública e a cobrança rigorosa de transparência, inexiste na cabeça dos edis da Câmara Municipal de Campos.

Há uma explicação: na verdade, não há oposição em Campos. O que há é um conjunto de políticos que, ao ficar fora do grupo de poder, aguardam sua oportunidade para pegar sua fatia do bolo fazendo algum barulho, chorando para poder mamar.

Isto às vezes pode ser interpretado como oposição, mas na verdade é pura negociação.

Mas é fácil de distinguir o oportunista: pela (pouca) efetividade de sua luta. O oportunista fica apenas no discurso inflamado, na bravata extorsiva, na ameaça de revelar coisas que não tem a menor intenção de divulgar (se o fizesse, acabaria o seu poder). Depois disso, geralmente, vem o silencio cúmplice. Quando realmente deveria comparecer, investigar, inquirir e cobrar, o oportunista decide viajar, pedir vista ou simplesmente, se calar. O que lhe interessa não é a correção do problema, mas que o problema o tenha a ele como beneficiário, onde aí deixará de ser um problema.

Desse tipo de oportunistas é que a Frente Democrática tem que se livrar para ter algum tipo de relevância política. A boa noticia é que para lograr isso não é necessário fazer muita coisa. Apenas marcar mais inspeções em outras sextas-feiras durante o verão. Essa luta é demais para eles.

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