domingo, 3 de abril de 2011

Não gosta dos 'pigs'? Experimentem o fascismo.


Quando me posiciono contra todo esse movimento que ataca àqueles jornais que chamam de "pig" (partido da imprensa golpista) é porque acredito que sempre será melhor que a imprensa seja do contra, do que chapa branca. Para propaganda oficial, basta aquela que o governo paga.

Por isso, não gostaria que o Brasil fosse a Argentina de amanhã. Mais uma vez, o temperamento argentino exacerba as posições e as coloca em extremos muito perigosos. Além de ter promulgado uma "Ley de Medios" que muitos 'progressistas' brasileiros gostariam fosse aprovada por aqui, o governo Argentino não duvida em apoiar as mais infames estratégias para desqualificar o que eles consideram o seu pior inimigo: a imprensa independente.

O passado 24 de março foi feriado na Argentina. De forma um tanto mórbida, o dia do golpe de estado que derrocou a presidente Maria Estela Perón é recordado como o 'dia da memória' (por que não comemoram o dia do retorno à democracia?). Varios atos, recitais e shows aconteceram no país. Na Avenida de Mayo, a via que une a Casa Rosada com o Congresso, foram colocados vários cartazes com imágens de jornalistas criticos do governo Kirchner, numa foto montagem onde aparecem com quepes militares e com a legenda "cumplices". Num determinado ponto da avenida, uma agrupação de esquerda incentivava as pessoas a descarregar sua 'bronca'. Aqui podem se ver crianças sendo estimuladas a cuspir sobre as fotografias, numa adaptação portenha aos '2 minutos de ódio' orwelliano:

O filósofo Tomás Abraham escreveu sobre o assunto:

Os meios massivos de comunicação não são anjos: possuem sexo. Constituem um fenômeno político. São chamados de quarto ou quinto poder. Mas, algum tempo atrás, uma casta de cidadãos entre o Pireo e Atenas inventaram a democracia. Reforçaram a idéia em 1668, 1776, 1789 e a extremaram com pobres resultados em 1917.

[...] O fascismo define-se pela superposição entre informação e propaganda. Baseia-se no sofisma de que somente há propaganda. Que tudo é poder. Que não há nada que não seja poder. Desta forma o espaço da informação está marcado por uma serie de ‘bunkers’ ocupados por atrincherados que disparam os seus anúncios e consignas ao éter publicitário. Se fazem chamar de militantes ou operadores. São soldados de uma causa. Frutos da obediência devida.

[...] Pelo que se vê, ninguém pensa que o jornalismo é uma das ramas da historia e que o jornalista contribui a pensar a historia do presente.Quando uma sociedade se transforma num foro de propagandistas, fica estúpida. Torna-se imbecil. Cospe cartazes. Não pensa. Escolhe bonecos e os queima. Se deleita com o seu fanatismo. Acusa qualquer um de acordo com a receita que lhe entregam os mordomos do Chefe do Castelo. Não tem outro ideal mais do que a servidão voluntária.

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