Detesto a política praticada pelos Garotinho. O que eles praticam é um populismo que já fora definido brilhantemente por Arnaldo Jabor como”peronismo tardio”. Há varias maneiras de sintetizá-lo, mas eu escolho a seguinte: fazer tudo o possível para se manter no poder indefinidamente, tendo a população de refém de políticas clientelistas.
Isso sem falar da estratégia de realizar grandes obras superfaturadas, e das falcatruas várias que os blogs vêm denunciando há tempos, o que em rigor não é exclusividade dos populistas. Enfim, para os Garotinho, o povo deve ser guiado porque é imbecil, mas o importante é que deve permanecer imbecil para continuar a ser guiado.
Mas me pergunto - apenas me pergunto- se ‘está bem’ que a prefeita seja afastada do cargo, nessa altura do jogo e pelas circunstancias alegadas.
Sei que o ‘está bem’ não é um termo argumentativo muito consistente; não soa bem num texto e menos ainda no âmbito jurídicos. Mas quem já tem alguma experiência com o direito sabe que as definições legais, leis, despachos e sentenças, às vezes, tem o objetivo de envernizar com uma camada de legitimidade formal decisões que respondem a critérios que excedem o foro judicial. Não se enganem: o “me parece bem / me parece mal” é o inicio de qualquer juízo, seja moral, jurídico ou político.
Vamos falar mais claro: os motivos que afastam Rosinha do executivo são os mesmos do que aqueles que já afastaram Arnaldo, Campista e Mocaiber, oportunamente. Ou seja, se originam em pressões de grupos de poder para atender certos interesses políticos- a diferença é que, agora, quem é pressionado é quem antes pressionava.
Afastar a prefeita no terceiro ano de mandato, por abuso na utilização dos meios de comunicação no ano de 2008, demonstra a incompetência da justiça eleitoral em fiscalizar em tempo e de cumprir o objetivo de garantir uma eleição justa. Afinal, se o cara é safado durante a campanha, é de se supor de também o será se chegar ao poder. Agora bem, se o cara ganha, governa durante 3 anos e comete atos evidentes de irregularidades e de corrupção, não é por estes atos que deveria ser julgado? Ainda mais lembrando que alguns concorrentes dos Garotinho à eleição foram tão safados quanto eles. Como o grau de abuso era parelho entre os candidatos, podemos dizer que foi uma eleição equilibrada.
Mas então, estamos condenados a sermos governados por administrações que vão ser interrompidas por decisões judiciais? Afastados que poderão voltar a qualquer momento por força de liminares, interrompendo agora aquele que os substituiu?
Antigamente se justificavam os golpes de estado argumentando que o governo deposto era imoral, comunista ou que estava levando o país à ruína econômica e social.
Agora, diante da perspectiva de um grupo político que, mediante a demagogia, o clientelismo e o fisiologismo –mas ainda assim dentro dos limites da democracia- ficar no poder por um bom tempo, uma decisão judicial (um deus-ex-machina como gosta de dizer um amigo) pretende ‘recomeçar o jogo’. Vamos embaralhar e repartir de novo. Trapaceamos o trapaceiro.
Sei - lá, acho que podemos fazer qualquer coisa com um canibal, menos comê-lo.
Mas são apenas divagações, ainda bem que esse post não pode ser lido por ninguém.
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