sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O Progressista e os Royalties: "Bien me quieres, bien te quiero; no me toques el dinero."


Um comunista explica para um camponês acerca do socialismo:
- Se o seu vizinho é pobre e você tivesse dois tratores; não daria um a ele?
- Daria.
- E se tivesse duas casas; não daria uma ao seu vizinho?
- Daria.
- E se você tivesse duas vacas; não daria uma ao seu vizinho?
-Não, não daria.
- Uê... Daria o resto e não uma vaca?
-É que eu tenho duas vacas!

A velha piada ilustra a contradição do progressista regional. É capaz de condenar a plus valia e o lucro desmedido, por considerá-lo imoral e anti solidário. Também condena o enriquecimento ilícito. Mas quando a questão diz respeito aos royalties, não consegue enxergar que a fabulosa quantidade de dinheiro que recebemos são uma inevitável fonte de desvios, superfaturamento e obras desnecessárias. Também não para para refletir acerca de se um município, por mais confrontante que seja com o as plataformas, pode receber quantidades ilimitadas de dinheiro, e se não seria razoável estabelecer um limite, proporcional à sua população e orçamento.  Nessa hora, pesa mais o bolso que o discurso, e a postura  "moral" que rege o seus princípios para o resto dos assuntos fica de lado, aferrando-se aos argumentos "legais" do tipo 'está escrito na Constituição' ou 'isso é quebra do contrato' (argumentos que, em outras circunstâncias, relativiza em função da verdadeira 'finalidade', o que é, 'um mundo mais justo').

Quem diria: o localismo transformou o progressista, sem perceber, naquilo que o aborrece.








2 comentários:

douglas da mata disse...

Gustavo,

Segue você misturando alhos com bugalhos.

Embora sejam riquezas, royalties e os lucros são de natureza distintas.

Como você bem observou, lucro advém da mais-valia(ver conceito em Marx), já os royalties são um indenização pelos impactos sócio-ambientais causados pela extração desta riqueza mineral.

A crítica sobre o modelo de uso(desperdício), a concentração de poder que causa, são acertadíssimas e concordo com todas elas.

Mas comparar a questão dos royalties com esta piada sobre solidariedade socialista é uma redução de doer.

Até porque a piada é ruim. O socialismo, como sistema de produção, nãos e baseia na simples divisão dos bens particulares, mas no controle do dos bens de capital voltados ao interesse coletivo.

Se funciona ou não é outra história, mas teoricamente é bom separar as simplificações.

Um abraço.

Gustavo Alejandro disse...

Douglas, quem confunde alhos com bugalhos é quem recebe os royalties e os gasta com qualquer coisa, menos com prevenção ou reparo de danos ambientais.

A conceituação do significado dos royalties difere da do significado do lucro, apenas na teoria.

E na teoria, dizia o sábio Homer Simpson, até o comunismo funciona.

Lucro seria o retorno de um investimento. A indenização, a compensação por um dano.

Considerando que o município não sofre dano algum pela exploração off-shore, e que eventuais prejuízos também não seriam suportados pelo governo municipal (porque já teriam empenhado o dinheiro, ou gasto ele com Beiras-Valões), cabe analisar como é realmente considerado esse recurso. E a realidade é que é considerado como dinheiro a ser torrado.

Agora que revejo os conceitos de lucro e indenização (aplicado no caso em questão), penso que o lucro tem mais legitimidade: para obtê-lo, pelo menos, alguma coisa se fez ou se investiu antes. Os Royalties vem de graça, sim!

E a piada pode até ser ruim (para os socialistas), mas fala muito sobre o comportamento do ser humano - progressista ou não.