(TELEFONE DO PROCURADOR. 15:24H)
- alô, sr. Procurador
- oi, sr. Vereador, como vai?
- Mais ou menos, tô com um problema sério, mas sério mesmo...
- Pode falar
- O pessoal do meu distrito está me pressionando... fazendo várias reclamações de que na comunidade não há saneamento básico, nem ruas asfaltadas. E que a noite todos devem permanecer em suas casas por medo a serem assaltados.
- Bom, você sabe como é...a Prefeitura está fazendo sua parte, mas as vezes os resultados demoram um pouco em aparecer.
- E que eles estão ameaçando com contar tudo.
- Como assim?
- É...que vão botar a boca no trombone, que a casa vai cair...
- Mas perai, o que é que eles podem falar?
- Dizem que vão contar para as pessoas do resto do município a pouca atenção que recebem por parte do governo. E que se sentem muito desapontados.
- O quê??? Mas isso é muito grave!!!
- Pois é...
- Meus Deus...você tem que acalmá-los. Que entendam que estamos trabalhando sem descanso...
- Sei...
- ...E você também tem que fazer sua parte.
- Como assim? Eu faço, Procurador... tenho duas ambulâncias lá. E tento sempre conseguir algum biquinho na prefeitura para quem precisa.
- Mas isso não é bom, senhor vereador. O senhor não tem que fazer isso...
- Ah não?
- É claro... o senhor, se quiser ajudar, deveria legislar para que os recursos dos royalties cheguem a sua comunidade, criando leis que beneficiem toda a população.
- Eu posso fazer isso?
- Não pode, deve! E se quiser ajudar mais ainda, deveria fiscalizar o acionar do Executivo. Você tem que me ajudar a controlar que as ações da prefeitura se submetam ao império da Lei e da Constituição...
- Não temos tempo a perder!!! Vou falar com meus colegas da Câmara. Temos que agir de forma urgente.
- Isso mesmo, ja estou ligando pro Prefeito. Vou comentar o que está acontecendo nessa comunidade. Ele vai ficar furioso, mas tem que saber. Espero que ainda tenhamos tempo de resolver o problema dessas pessoas, antes que fiquem totalmente decepcionados conosco.
- Pelo amor de Deus, nem fale isso...o que vão pensar dos políticos.
- Não somente isso...o que podem pensar do sistema de representação popular!!
- Estamos ferrados...
- Sr. Vereador, não se desespere...Me diga...você não está me ligando de celular, está?
- Não estou não. Me cortaram o celular porque me atrasei mês passado.
- Porque ninguém pode saber que falamos, imagine se esta conversa fosse divulgada...
- Não quero nem imaginar, já estou desligando. Adeus sr. Procurador.
- Boa tarde, sr. Vereador.
(fim da conversa)
Um comentário:
Na vala comum das obscenidades, a virtude passa a ser imoral...
Tens razão...muito boa a metáfora...
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