terça-feira, 30 de junho de 2009

No há desculpas

Que a internet é uma maravilha, ninguém mais contesta. O assunto é que ela trouxe um problema para aqueles que sempre quiseram se expressar e não podiam por falta de espaços de comunicação: agora há. De graça, e ao alcance de todos. Acabaram as desculpas.

Assim como os jornalistas da região continuam choramingando pela não exigência do diploma, em vez de procurar formas de exercer sua profissão de forma independente (querem ter a exclusividade de trabalhar sob a tirania dos 'Barões' que tanto desprezam), existe na área audiovisual a crença de que fazer cinema é caro e praticamente inviável sem o apoio financeiro de alguma instituição.

Bem, boas e más noticias: Youtube, pessoal. Boa, porque basta uma câmera, um computador e criatividade para realizar e divulgar um filme. Má, pelas mesmas razões.

O cinema, da forma como o conhecemos, é certamente uma disciplina complexa e costosa. Mas quem disse que deve continuar assim? Antes do que sonhar com fazer um filme e projetá-lo numa sala convencional para 150 pessoas, não é bem mais legal pensar em fazer um filme e colocá-lo na web, onde será visto por milhares?

E pra quem diga que o Youtube não está à altura do Cinema, em termos de qualidade "artística", aqui vai um exemplo: David Wain.

David Wain é um cara que é comediante, ator e diretor. Praticamente desconhecido no Brasil, realizou vários filmes independentes como "Wet Hot American Summer" "The Ten" e, recentemente "Role Models" o seu primeiro longa feito com o apoio de um grande estudio de Hollywood.

Mas além de seu trabalho como diretor 'convencional', Wain tem uma interessante 'webgrafia'. Fez vários trabalhos que podem ser apreciados no Youtube. Os "Stella Shorts" são curtas que realizou junto com Ian Black e Michael Showalter, e se caracterizam por um humor pastelão e absurdo que lembra bastante aos Monty Python.

Mas o grande trabalho de David Wain são os 'Wainy Days'. É um seriado cujos capítulos não ultrapassam os 5 ou 6 minutos, e que contam a vida de um rapaz obsessionado por encontrar o grande amor da sua vida. Dá pra ver que estão realizados praticamente sem dinheiro, mas com muitissima criatividade e, o melhor, com uma absoluta liberdade. Alguns diálogos em inglês podem não ser compreendidos, mas isso não é tão importante. Eu me divirto com algumas frases sem entendé-las, apenas vendo a forma como elas são ditas. Vejam este exemplo:



A tecnologia nos libera dos produtores, editores e outros intermediarios. Mas nos enfrenta com o desafio de mostrar que somos capazes de criar. E agora?

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